quinta-feira, abril 20, 2006

Uma nova e importante etapa para o Grupo PT

A Administração que na AG da PT na próxima sexta-feira será eleita deve estar consciente, e sobretudo preparada, para enfrentar o maior desafio que um dos mais importantes e internacionais Grupos empresarias portugueses da actualidade vai enfrentar desde o seu nascimento, em 1994, pela fusão das ex- empresas TLP, Telecom Portugal e TDP (mais tarde também com a integração da Marconi).

Não só a Administração mas também o governo português serão co-responsáveis pelo sucesso ou insucesso em várias vertentes, da operação em curso desencadeada particularmente pela OPA da Sonaecom, mas também pelas opções estratégicas assumidas no passado, com o acordo ou até pela eventual pressão do accionista Estado. Estamos a pensar especificamente na alienação pelo Estado das infraestruturas de telecomunicações fixas, aquando do governo liderado pelo Dr. Durão Barroso e na pasta das Finanças a Drª Ferreira Leite, ansiosamente carentes de receitas extraordinárias para colmatar parte do défice das finanças públicas.

É que o modelo no sector das Telecomunicações, face à pretendida liberalização, não poderia ser outro senão aquele que prudentemente foi seguido no sector da energia eléctrica. Para quem não sabe recordemos sumariamente que a REN – Rede Eléctrica Nacional era há alguns anos atrás uma empresa com capital totalmente pertencente à EDP. O Estado (governo liderado pelo Eng. António Guterres e secretário de Estado da Energia, Eng. José Penedos) traçou então uma estratégia para este sector, preparando-o adequadamente para a entrada de outros Operadores, quer na produção primária, quer na distribuição aos consumidores finais. E para garantir igualdade de tratamento tratou de reservar para si a maior fatia do capital da REN, ressarcindo a EDP por esse facto. Actualmente a REN prepara-se para dispersar parte do seu capital por privados e entrar na Bolsa mas o Estado vai permanecer – e bem - como accionista de referência de molde a continuar a garantir os mecanismos de transparência de custos, igualdade de acesso às fontes energéticas , no fundo a criar condições para uma sã concorrência dos diversos agentes, produtores, comercializadores e interesses dos consumidores.

Deste modo, pouco importante será que a PT seja dominada por dois ou três grupos económicos accionistas com menos de 10% cada, como o é agora, ou por um com uma maior tranche de capital e poder quase absoluto, se não forem acautelados os interesses públicos; Em primeiro lugar reflectidos pelas necessidades de melhores serviços e preços dos consumidores, em segundo lugar pela dependência de dezenas de milhares de trabalhadores e suas famílias no activo ou pensionistas da sobrevivência de uma Empresa economicamente sustentável como é hoje o Grupo PT, finalmente e não despiciente, pelas eventuais percas de receitas fiscais por via da operação financeira de aquisição em curso ou outras subsequentes.

Até agora o Governo tem tido um comportamento exemplar, mantendo uma prudente discrição sobre as movimentações em curso deixando que sejam os agentes económicos a fazerem os lances característicos das sociedades democráticas em mercado livre mas regulado. No futuro estamos expectantes e de algum modo preocupados, se não vierem a ser acautelados os diversos interesses em presença.

A concretizar-se a separação dos negócios na PT da rede de cobre (PT Comunicações) dos da rede de cabo (TV Cabo) melhor seria que fosse equacionada a constituição de uma nova empresa grossista na rede fixa, com capital preponderante do Estado e participação de outros Operadores e accionistas individuais, seguindo-se assim o modelo da rede eléctrica que já demonstrou na prática a sua elevada valia para os interesses económicos do País nas discussões para a constituição do MIBEL e para os consumidores portugueses em geral.

(ML)

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E será que este governo terá coragem para alguma coisa de relevante a não ser não afrontar o grande capital?!?!?!
Pelo aquilo que vi na Galp e na EDP, mas especialmente neste ultima, temo que não.
O Grande Capital Estrangeiro e de Centro Direita Português vai continuar a mandar na PT!

E aquilo que prevejo é que a PT continue a ser palco do esgotar de capital até à chegada da Sonae e depois seja esquartejada, de modo a amortizar a dívida.

5:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Efectivamente o texto toca no assunto tremendamente crítico para a actual conjectura do sector da telecomunicações em Portugal e que poucos têm coragem para tocar:
- A venda da rede de cobre nacional, património do estado português, por ajuste directo, à Portugal Telecom, por um preço abaixo do seu real valor, para salvar a contabilidade estatal.
Quem efectuou este negócio calamitoso para a economia nacional?
Um governo liderado pelo PSD e uma administração da PT nomeada pelos privados e pelo PSD... Para mi está tudo dito.

Não concordo é com o senhor José Rui e acredito piamente que o Eng. José Sócrates irá por mão, não só na PT como depois também, nas restantes empresas com interesse nacional. È tudo uma questão de tempo e de dar mais atenção à organização do estado depois de 3 anos e meio de desastre nacional.

11:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Subscrevo inteiramente as palavras do meu homónimo lisboeta.
Vivó Zézinho!
Depois da nossa senhora de fatima e salazar que nos livraram dos comunistas, há-de ser a internet que nós há-de livrar desses oportunistas vestidos de cor de laranja, mancumunados com o kapital e que querem destruir o estado "sussial", uma ardua conquista de Abril (e que dá uns tachos porreiros em nome do povo).
E por falar em estado sussial, quando é que temos prova de vinhos em "albalade"?

10:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

From: Miguel Horta e Costa
Sent: sexta-feira, 21 de Abril de 2006 13:17
Subject: O privilégio de ser PT



No dia em que termino o meu mandato de Presidente Executivo do Grupo PT quero dirigir-me a todos aqueles que integraram a equipa da Portugal Telecom que tive a honra de liderar. Os balanços destes quatro anos estão feitos, interna como externamente, outras apreciações virão, porventura, a ser realizadas ao longo das próximas semanas ou mesmo meses.

Hoje importa-me tão somente deixar uma palavra de gratidão, reconhecimento e enorme satisfação pela oportunidade que esta empresa me deu de conhecer, aprender, trabalhar, liderar e sonhar o futuro das telecomunicações com um grupo de pessoas de qualidade humana e profissional tão elevada.



A Portugal Telecom é, de facto, uma empresa única. E o que faz de todos nós especiais está para além da nossa posição de mercado, do nosso percurso histórico e da nossa contribuição para o desenvolvimento das comunidades que integramos, com particular destaque para Portugal. Todas essas razões constituem motivo de orgulho para todos nós, sejam aqueles que como eu serviram esta empresa há mais de três décadas, sejam os jovens que acabam de integrar os nossos quadros e de quem esperamos a continuidade de uma história de sucesso.

Mas, como tive oportunidade de vos dizer em algumas ocasiões ao longo do meu mandato como presidente executivo, a nossa principal vantagem, o que nos permite fazer a diferença é a qualidade, a excelência e o profissionalismo dos colaboradores do Grupo PT.



Foi um privilégio ser vosso presidente, colega, amigo. Não se passa, nem se está na Portugal Telecom.

Somos da Portugal Telecom e é isso que nos define.



Um grande abraço,

Até sempre,

Miguel Horta e Costa


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5:45 da tarde  

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