sexta-feira, setembro 29, 2006

A "Vendetta"

Ontem a Autoridade da Concorrência (AdC) autorizou a potencial sentença de morte a Portugal Telecom, uma das maiores e mais internacionais empresas portuguesas, situada num sector estratégico para o desenvolvimento económico do país e pioneira na I&D de TI/SI para as telecomunicações e de suportes à sociedade de informação.

Ao determinar um conjunto de remédios, considerados já pelos especialistas como muito ligeiros, face aos expectáveis, tendo em consideração a dimensão do nosso mercado e a taxa de penetração, sobretudo nos móveis, como condicionantes para aprovar a OPA da Sonaecom sobre a PT, a AdC consegue por linhas travessas desenhar à sua medida o modelo operacional e económico para o sector da telecomunicações nos próximos anos, o qual assentará num mercado espartilhado e explorado por um conjunto de pequenas empresas, sem musculo para desenvolver a economia portuguesa e expandir-se externamente.

Repare-se que o conjunto de remédios se baseia em 5 grandes grupos de medidas:
(1) Alienação de um dos negócios da rede fixa (PT Comunicações ou TV Cabo);
(2) Separação vertical funcional da rede básica (divisão da PT Comunicações);
(3) Devolução das frequências para acesso fixo via rádio (FWA);
(4) Venda das participações em empresas de Conteúdos (Lusomundo e canais de Cabo);
(5) Alienação de antenas/sítios e das frequências GSM900, GSM1800 e UMTS redundantes nos dois Operadores (Optimus/TMN) a um novo operador.

Exceptuando o último dos grupos atrás referidos, o qual unicamente se pode entender como o mínimo envergonhado face à integração da Optimus/TMN (só completos desconhecedores do mercado podem admitir que há espaço para um novo operador, quando já temos mais de 100% da população contabilizada como cliente do conjunto dos três operadores), todos os outros não fazem muito sentido, dado que nem o operador de rede fixa da Sonaecom (Novis) tem dimensão significativa, nem a Sonaecom detém participação relevante na produção de conteúdos.
Deste modo como se podem compreender estes simples remédios?

Entendemos que a AdC procurou unicamente facilitar a destruição do Grupo Portugal Telecom, que para além de ser um dos maiores contribuintes para o PIB do país, acaba por ser das poucas empresas que promove o desenvolvimento tecnológico no país, como atrás já se referiu, mas também ainda como um dos poucos embaixadores económicos de Portugal no Mundo

Não esquecendo a entrada inédita, “à cowboy", da AdC nas instalações da PT (acompanhada por polícias armados como se ali estivessem pérfidos e perigosos terroristas), para a confiscação de documentação que até ao presente não resultou em nada, só podemos interpretar estes remédios como a "vingança" do responsável da AdC para com os seus insucessos passados no ataque à PT e nas acusações que lhe fizeram então alguns dos accionistas de referência, designadamente Patrick Monteiro de Barros.

A AdC será pois cúmplice e co-responsável se vierem a verificar-se a perda de milhares de postos de trabalho na PT e na Sonaecom e os consequentes despedimentos, para os quais o governo, "socialista?", terá também de ser avalista, assim como de outros efeitos sócio-económicos não desprezáveis para milhares de famílias, se forem postos em causa o Fundo de Pensões da PT e os cuidados complementares de saúde assegurados hoje pela PT-ACS num modelo de partilha de custos entre a Empresa e os utentes. O estafado argumento do mercado liberalizado e de maior concorrência, melhores serviços e preços, caiu por terra quando o anterior governo socialista também decidiu liberalizar o preço final dos combustíveis em Portugal. O que se seguiu foi um verdadeiro cartel das petrolíferas, mais ou menos escamoteado por pequeníssimas diferenças de cêntimos de quando em vez, mas, enquanto os consumidores pagam cada vez mais caro os combustíveis, as petrolíferas crescem continuamente nos lucros, mesmo que diminua o consumo a nível nacional.

Veremos agora de que lado está este governo - se do lado dos lobbies financeiros nacionais e internacionais, tendo em conta que serão sempre os consumidores finais dos serviços mais os trabalhadores do sector que pagarão os custos da OPA (ou os milionários dividendos prometidos pela actual gestão da PT liderada pelo Dr. Henrique Granadeiro) ou se do lado dos portugueses em geral, que votaram no Partido Socialista e que esperam que este respeite os seus compromissos eleitorais e que seja coerente com a sua visão de equidade social.

(texto conclusivo de reunião de trabalho do CRR em 28/9)

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esse Abel Mateus é mais outro "Souto Moura": Incompetente e Ignorante!

Como é que é possível aceitar a fusão entre a Optimus e a TMN? Então ai o problema de concentração de 70% do mercado num só operador não põem em causa a concorrência?
Como é que é possível pedir para separar a rede cobre da rede cabo? Então será que o senhor Abel Mateus não sabe que só existe rede cabo (fibra óptica) entre as centrais e as casa das pessoas?

INCOMPETENTE!!!
INGORANTE!!!

12:13 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Mas o Abel Mateus só faz aquilo que o patrão Sócrates manda!
E o coitado do Henrique Granadeiro anda a dizer que a OPA só passa por cima do seu cadavér. Coitado quem o vê até percebe que não será deficil, pois ele já parece um morto vivo...

JP

12:09 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Para variar, quem ganha são os senhores do grande capital: o índio Telmeca, o índigena do Cabo e, claro, o habitual Espírito Santo, acrescido, agora, do Santo Andor. O Belmiro, para variar, depois de vender às postas e despedir pessoal, safa-se sempre.
O Governo, gosta de ver o "mercado" funcionar...!

10:55 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

O espantoso de tudo isto consiste na indiferença de (quase) todos por circunstâncias que vão do ridículo ao mais soez. Algumas:
A Sonae preferiria a venda ao leilão das frequências. A Anacom ainda não sabe! Porventura sabê-lo-á quando Belmiro decidir.
A AdC responde!!!??? ao FT! Que complexo de culpa mais exuberante! Demita-se senhor, demita-se! É a única resposta à altura.
A CE adia a propositura de acçao a Portugal pela gold share da PT.
Que adiamento mais conveniente! Se não adiasse o problema estaria já arrumado e a AG de Janeiro nem teria razão de ser. Se adia o recado está dado. Ou votam sim, ou votam sim. Mas demos-lhes as mais amplas liberdades de decisão.
A Sonae considera a política de provisionamento (só??) dos F de Pensões da PT, adequada. Leia-se: embora não tenhamos nem pensemos vir a ter qualquer contribuição líquida para esse efeito, apraz-nos perceber que, ao contrário do que se passa em países bem governados, não vamos ter que pensar nas dívidas que encontrarmos, senão para as calendas. Até lá (2017), a coberto de interpretações extensivas de decisões governamentais contestáveis (congelamentos de vencimentos e pensões, ou seu aumento sistematicamente inferior ao da inflacção) vamos corroendo por dentro os Fundos, reduzindo o valor de cálculos actuariais já estabilizados e considerando os recursos libertos para novas responsabilidades.
Se isto se compreende para uma PT em desespero que quer libertar verbas para accionistas - já! compreende-se mal para quem faz uma tal badalação quanto aos benefícios para todos, da OPA. Parece, cada vez mais, o caso das águas do Alardo! Lembram-se? Por um escudo ...
O Homem (merece a letra grande) da DECO, veio afirmar o que só os grandes compradores e os seus comentadores (ditos económicos)escondem: nada na OPA favorece os clientes!
O espantoso é que tenha que ser a DECO a dizê-lo e não o faça qualquer dos Reguladores, bem pelo contrário.
Se o Senhor Ministro, mais o outro Senhor Ministro, mais o respectivo Líder, não tirarem daqui as ilacções devidas (quanto à operação e aos Reguladores) ficaremos a observar muito curiosamente as respectivas carreiras, no (inelutável) ocaso governamental...!
O que o FT diz, ainda é pouco mas, de facto, a "corja" real não merece mais!

12:47 da manhã  

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